Diz-me o que vestes e dir-te-ei quem és!
E se a roupa falasse? Ou melhor, e se a roupa que usamos todos os dias, o estilo que adoramos ter, dissesse muito do que nós somos? Parece ser algo muito lógico, porque o que vestimos é sempre algo que gostamos, que tem a ver connosco, com o qual nos sentimos bem... mas provavelmente é algo em que nunca paramos para pensar e reflectir sobre o quão importante pode ser...
«A roupa também fala» foi precisamente o título da tese de Bacharelato, minha e dos meus colegas de grupo, no ano lectivo que passou. O objectivo da investigação era demonstrar o carácter comunicacional da roupa e de que forma este se manifesta, isto é, de que forma é que a roupa comunica e transmite mensagens, no contexto da actual sociedade Ocidental. O Homem é um ser que necessita de se exprimir e uma das formas para tal acção é através da roupa.
Este é um tema bastante actual e que não se pode dissociar da tamática da moda, tão em voga hoje em dia, apesar de ser considerado um fenómeno efémero. Mas se pensarmos bem esteve presente no passado, está no presente e vai estar no futuro. «É um fenómeno cuja unicidade consiste no englobar de duas características opostas que se completam de forma recíproca.»
Vivemos numa sociedade de consumo onde os mass media nos influenciam a todo o instante, e consequentemente a roupa tornou-se num objecto de culto muito consumido e interiorizado na nossa cultura.
Nesta nossa tese, analisámos este tema sobre vários prismas de grande interesse o que nos ajudou a confirmar o que tinhamos como hipótese. A perspectiva histórica é sempre muito importante para ajudar a perceber a evolução do vestuário e da mentalidade neste sentido ao longo das épocas. A perspectiva dos mass media e do sentido da significação ajudou-nos também a compreender este tema pormenorizadamente. Finalmente, a perspectiva da identidade e da distinção social ajudou-nos a compreender o lado humano. O indivíduo veste-se de uma certa forma para ser reconhecido pelos outros como pertencente a um determinado grupo social ou para se representar a si mesmo, e mesmo para mostrar uma coisa que não é mas gostaria de ser: «muitas vezes, a indumentária em vez de tornar transparente, esconde, camufla, engana» (Umberto Eco in O Hábito fala pelo Monge).
Retirámos, assim, várias ilações desta exaustiva investigação como, por exemplo, o facto de que se nos limitássemos a usar a roupa de forma exclusivamente utilitária e funcional, grande parte da roupa que temos no guarda-fato tornar-se-ia desnecessária. O restante que adquirimos é motivado por razões de afirmação e expressão da nossa identidade. Utilizamos a roupa como um meio de comunicação, mesmo que de forma inconsciente. A roupa não é já (desde há muito) somente uma forma de protecção corporal e o carácter utilitário já não está sozinho, sendo mesmo considerado como secundário. A roupa é um «meio de expressão da identidade e individualidade».
(Citações retirada da tese)
5 Comments:
Cheeeeeee, a tese, o TESÃO que nos fez passar tantas noites sem dormir e nos levou até ao limite da sanidade mental! :D Contudo, valeu a pena! Gostei do tema que escolhemos precisamente por termos tomado consciência de factos que, no fundo, já conhecíamos, mas sobre os quais nunca tinhamos parado para reflectir.
Pessoal, agora já sabem, quando se depararem com dúvidas no âmbito da moda da indumentária, não hesitem em contactar qualquer um dos membros do grupo Caldeirão! eheheh
Beijinhos p ti, Nádia***
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O Sr. Umberto Eco é que sabe! :)
Mas o qual é a tua opinião pessoal sobre o assunto? Numa análise um pouco menos formal... Dás importância á roupa que usas no sentido de seres reconhecida como um elemento respeitável da sociedade? Sentes que usas uma pele de cordeiro sobre um corpo de lobo?
Acho que a questão da indumentária ao longo da história serviu maioritariamente para distinguir as classes sociais, e apesar de parecer um pensamento demasiado socialista acho que isso não devia acontecer nos dias de hoje! É o que sinto na pele desde que comecei a trabalhar como consultor imobiliário... Só porque uso fato e gravata sou abordado de forma diferente. Mesmo as pessoas que me conhecem falam comigo de uma forma diferente, mas não deixei de ser a mesma pessoa...
Sinto que já está na altura de nos "despirmos" dos pré-conceitos envelhecidos da nossa sociedade e avançar para uma forma de observar diferente e mais precisa, como já se começa a fazer nas grandes capitais europeias.
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